terça-feira, 21 de abril de 2009





Monumento a Bernardo Santareno
Rotunda de Vale de Estacas - Santarém

São já cerca de duas dezenas, de obras de escultura em metal do autor em espaço público, de norte a sul de Portugal.
Macedo de Cavaleiros. "Arcos e Cavaleiros". Torres Novas. "Monumento ao Município". Santarém. "Homenagem a Bernardo Santareno". Constância. "Parque de Astronomia. A Grande Maquina do Mundo, homenagem a Os Lusíadas". Chamusca. "Homenagem ao 25 de Abril e ao povo do Arripiado". Alcanena. "A Catedral - 1º Prémio exécuo Semana da Pedra". Riachos. "Homenagem a Manuel Simões Serôdio, fundador do jornal O Riachense". Abrantes. Vialonga. Amadora. Cascais. "Homenagem ao 25 de Abril". Seixal. "Homenagem ao operário siderúrgico". Aljustrel. Oficina das artes-Fórum cultural - "Gerreiros". Vila Real de Santo António. "Arquivo Municipal". Lisboa. "Parque monteiro-mor - Museus nacional do traje e do Teatro". Meda. "Guerreiro e Paveia"

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Próxima mostra - Meda - 3 de Maio de 2009

Guerreiros e Paveias na obra de José Coêlho

Qualquer pessoa que visite como turista ou crente o Mosteiro de Guadalupe, em Espanha, e que consiga subir ao Camarín da igreja sob comando Franciscano, colocando-se em frente às pinturas de Luca Giordano (escola italiana séc. XVI) tenderá a procurar/perceber com o olhar as formas “alongadas” que se espraiam por entre todas as pinturas, colando-as umas às outras. Precisará, no entanto, de enveredar por uma aventura corporal, nomeadamente em ser capaz de reposicionar, constantemente, o seu corpo face ao espaço de forma a seleccionar o mais possível o local exacto, posição e ângulo que possibilitam visualizar/identificar tudo o que ecoa nas próprias pinturas.
Tradicionalmente, a pintura e a escultura privilegiaram o olho, o olho do artista e também do espectador que se uniam num único ponto de fuga da representação e, exemplos como o de Giordano são capazes de traçar linhas de continuidade com propostas como a de José Coelho, onde o olho acaba por se transformar num corpo que, de forma efectiva, age num espaço e dessa acção faz depender a leitura da própria obra.
Nas esculturas que José Coelho nos mostra, numa primeira versão, “chapas moldadas”, recortadas e soldadas (aqui e ali com um leve traço de cor) assumem formas guerreiras, onde o espectador é convidado a “entrar” numa área dimensionada, povoada por esculturas que “parecem” ter apenas um único visitante - em cada um dos lados das esculturas encontram-se pontos de vista únicos que nos relevam figuras humanóides, “guerreiros” que são gerados /reconfigurados por todos os tipos de espectadores que, dobrando o corpo ou espreitando por pequenos orifícios existentes nas esculturas, vão deformando, com o olhar, a distância entre os seus vários elementos formais e consequentemente emitindo novos sentidos. Segundo José Coelho, na génese deste seu trabalho, encontram-se referências a Dionísio, Deus da constelação mitológica grega que afirma o prazer, o informe..., . Esta última referência implica necessariamente o espectador que, desde logo, não procura de forma simples o lugar de quem assiste a um qualquer espectáculo que decorre alheio à sua presença, mas firme em encontrar a posição que lhe dá acesso à descodificação (ao prazer) da anamorfose presente nos guerreiros dionisíacos de José Coêlho.

Pedro Cabral
Caldas da Rainha, 19 de Abril de 2009

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