sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Esposição em Paris


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Escultura em Metal



Paris



V. Real de Santo António - Santarém - Constância - Meda.


São quatro as exposições de escultura patentes em espaço público permanentes já a alguns meses que em contacto com as pessoas vão ganhando uma relação afectiva. Arte e a envolvência social, um desafio interactivo.

Grito - Personagem a procura de autor.JPGExposição no Arquivo Municipal de Vila Real de Santo António, com o título "Memento Mar Memor". Constância no largo do jardim horto de Camões "Para além da Taprobana". Santarém Biblioteca B. C. Freire. E na cidade de Meda espaço envolvente da casa da cultura com o titulo "Medas Guerreiros Paveias".

Quis a coincidência que se junta-se agora a cidade de Paris, na Galeria Art Present de 3 de Outubro a 6 de Novembro de 2009 "Junto ao centro Pompidou" uma nova exposição de escultura em metal com o título "Simpósio dos Simples - A luz fragmentada", homenagem a algumas figuras da cultura Universal que de alguma forma positiva contribuíram na construção da minha modesta obra.

Com a humildade que um trabalho desta natureza requer. Assim vou trilhando uma descoberta.



José Coêlho


Titulo: "Argonauta - Grito - Personagem a procura de autor"



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Estes trabalhos pretendem de uma forma simples homenagear os Autores:

Baudelaire, Picasso, Camões, Einstein, Cervantes, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Pedro Nunes, Shakespeare, Florbela Espanca, Brancusi, Amadeu de Sousa Cardoso, Vieira da Silva.

Galeria Arte Present Paris, 3 de Outubro a 6 de Novembro de 2009





A obra de José Coêlho toca-nos de imediato pelo poder da matéria e audácia da forma.

O ferro, o metal, o aço, conjugam as suas forças e impõem a presença do objecto numa evidência sem concessões. Mas a matéria não é dissociável da forma, porque ela participa na representação do mito, na poesia evocadora da lenda, na criação de um universo que nos é familiar.

Era, de facto, do poder telúrico do ferro que se precisava para dar vida a estes guerreiros, criados a partir dos anos oitenta, mas também às suas esculturas mais recentes que evocam as figuras da mitologia antiga:"Venda de Ísis","Canto a Eurídice","Canto a Orfeu","Penélope", "Ulisses", e das lendas medievais "Convergência e Graal".

Entre as margens do Tejo e as do Sena, de Lisboa a Paris, ele povoa a nossa imaginação de personagens tutelares, as ninfas camonianas, e de "Caixas de Memórias"para conservar intactos os nossos sonhos mais íntimos.

IMG_5421.JPGÈ com grande prazer que o Instituto Franco-Português acolhe a exposição de José Coelho, escultor e poeta de Torres Novas e saúda a sua obra rica e generosa

Jean-Paul Lefèvre

Adido Cultural. Director-Adjunto

Institut Franco-Portugais

Lisboa, 27 de Dezembro de 2007

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Atelier do autor em Riachos. "A minha arte funde-se com o meu modo de vida".







terça-feira, 21 de abril de 2009





Monumento a Bernardo Santareno
Rotunda de Vale de Estacas - Santarém

São já cerca de duas dezenas, de obras de escultura em metal do autor em espaço público, de norte a sul de Portugal.
Macedo de Cavaleiros. "Arcos e Cavaleiros". Torres Novas. "Monumento ao Município". Santarém. "Homenagem a Bernardo Santareno". Constância. "Parque de Astronomia. A Grande Maquina do Mundo, homenagem a Os Lusíadas". Chamusca. "Homenagem ao 25 de Abril e ao povo do Arripiado". Alcanena. "A Catedral - 1º Prémio exécuo Semana da Pedra". Riachos. "Homenagem a Manuel Simões Serôdio, fundador do jornal O Riachense". Abrantes. Vialonga. Amadora. Cascais. "Homenagem ao 25 de Abril". Seixal. "Homenagem ao operário siderúrgico". Aljustrel. Oficina das artes-Fórum cultural - "Gerreiros". Vila Real de Santo António. "Arquivo Municipal". Lisboa. "Parque monteiro-mor - Museus nacional do traje e do Teatro". Meda. "Guerreiro e Paveia"

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Próxima mostra - Meda - 3 de Maio de 2009

Guerreiros e Paveias na obra de José Coêlho

Qualquer pessoa que visite como turista ou crente o Mosteiro de Guadalupe, em Espanha, e que consiga subir ao Camarín da igreja sob comando Franciscano, colocando-se em frente às pinturas de Luca Giordano (escola italiana séc. XVI) tenderá a procurar/perceber com o olhar as formas “alongadas” que se espraiam por entre todas as pinturas, colando-as umas às outras. Precisará, no entanto, de enveredar por uma aventura corporal, nomeadamente em ser capaz de reposicionar, constantemente, o seu corpo face ao espaço de forma a seleccionar o mais possível o local exacto, posição e ângulo que possibilitam visualizar/identificar tudo o que ecoa nas próprias pinturas.
Tradicionalmente, a pintura e a escultura privilegiaram o olho, o olho do artista e também do espectador que se uniam num único ponto de fuga da representação e, exemplos como o de Giordano são capazes de traçar linhas de continuidade com propostas como a de José Coelho, onde o olho acaba por se transformar num corpo que, de forma efectiva, age num espaço e dessa acção faz depender a leitura da própria obra.
Nas esculturas que José Coelho nos mostra, numa primeira versão, “chapas moldadas”, recortadas e soldadas (aqui e ali com um leve traço de cor) assumem formas guerreiras, onde o espectador é convidado a “entrar” numa área dimensionada, povoada por esculturas que “parecem” ter apenas um único visitante - em cada um dos lados das esculturas encontram-se pontos de vista únicos que nos relevam figuras humanóides, “guerreiros” que são gerados /reconfigurados por todos os tipos de espectadores que, dobrando o corpo ou espreitando por pequenos orifícios existentes nas esculturas, vão deformando, com o olhar, a distância entre os seus vários elementos formais e consequentemente emitindo novos sentidos. Segundo José Coelho, na génese deste seu trabalho, encontram-se referências a Dionísio, Deus da constelação mitológica grega que afirma o prazer, o informe..., . Esta última referência implica necessariamente o espectador que, desde logo, não procura de forma simples o lugar de quem assiste a um qualquer espectáculo que decorre alheio à sua presença, mas firme em encontrar a posição que lhe dá acesso à descodificação (ao prazer) da anamorfose presente nos guerreiros dionisíacos de José Coêlho.

Pedro Cabral
Caldas da Rainha, 19 de Abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Homem Em Paixão em Imagens


ABRIL 2009

"O olhar para além do ferro"



O Homem em Paixão



Escultura em Metal Iniciativa Arte-Escultura em espaço publico
de José Coêlho



O HOMEM EM PAIXÃO
Expressões de Espiritualidade


O meu primeiro contacto com a obra de José Coelho aconteceu quando cheguei como Pároco a Riachos! Passei pelo cruzeiro evocativo da lenda do “Achamento do Senhor Jesus dos Lavradores” colocado num canteiro do adro da Igreja Paroquial.


Algum tempo depois, tomei contacto com uma escultura a que José Coelho deu o nome, “Ressuscitei”. Traços estilizados, sugerindo a silhueta da Pietá. Do chão irrompe, na vertical, um tubo largo contendo no seu interior três varas de tamanho diferente.

Torna-se evidente que Coelho pretendeu, a seu jeito, representar o acontecimento da Ressurreição. É a materialização artística do acontecimento que S. Paulo descreve como o cerne da fé cristã: “Cristo morreu pelos nossos pecados; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia e apareceu a Pedro e depois aos Doze”.

Esta escultura foi executada para o Congresso sobre a Evangelização realizado em Lisboa em 2005.

Após o Congresso, José Coelho tem mantido a peça no interior da Igreja Paroquial.


Por ocasião da Festa da Bênção do Gado 2008, por sugestão, e, a seu pedido, José Coelho enriqueceu a área verde do adro da Paroquial com várias peças com diferentes denominações, todas elas, através de símbolos, apontam para situações em que manifestações de espiritualidade são uma constante. O “sofrimento humano”, “a máquina do tempo”, um “Ecce Homo”, “ paixão”, “vencer”, etc., são ideias concretizadas em material comum - o ferro – que precisamos de saber ler para compreender.


No Natal de 2008 José Coelho executou o “seu presépio” que colocou no adro, completando um conjunto de obras.

Na Páscoa de 2009, José Coelho retoma a temática da “paixão e libertação” concretizada em peças mais explícitas de Cristos crucificados, e numa obra especialmente feita para o Município de Meda a que deu o título de “Guerreiros e Paveias”. Com esta peça faz a aproximação entre “paveia” termo mais utilizado no Ribatejo e “meda”, termo mais usado Beira - vocábulos com o mesmo significado linguístico - conjunto de trigo ceifado pronto para a debulha.

Atrevo-me, também eu, a fazer uma aproximação com o que S. João diz a respeito do “Mistério Pascal”: “se o grão de trigo lançado à terra não morrer ficará só, mas, se morrer dará muito fruto”, da morte nasce vida nova!

José Coelho quis dar-nos o privilégio de expor, pela primeira vez, esta peça no adro da nossa Igreja. Em Maio viajará para Meda.

“Expressões de espiritualidade”!

A propósito da dimensão espiritual do homem, os bispos franceses em documento recente, advertem que “a economia e o trabalho não podem ter a última palavra na vida social”. A propósito, defendem o descanso dominical como uma forma de podermos usufruir dos bens do espírito. A arte, as expressões do belo, contribuem para a humanização da vida.


No diálogo com José Coelho encontramos esta preocupação de a tudo dar um sentido.

No forte emaranhado das suas ideias, expressões, e palavras, podemos encontrar esta outra dimensão do Homem. O olhar para lá do ferro!

Afirma-se com alguma frequência que o século 21, será o século da espiritualidade.

Edith Stein disse um dia que, quem procura sincera e apaixonadamente a verdade está no caminho de Cristo.

É importante que no diálogo com José Coelho sejamos capazes de encontrar a chave de leitura da sua obra. Ele conhece a sua génese, e a partir dessa ideia inicial, abre-nos a porta para outras leituras possíveis e legítimas.


Fernando Augusto.